

CASA NAS NUVENS
Em sua primeira participação na mostra, a arquiteta apresenta o ambiente Casa nas Nuvens: um quarto infantil lúdico, sofisticado e carregado de simbolismos, que traduz com delicadeza o tema “Semear Sonhos”.
Entre brinquedos, livros e travesseiros em forma de nuvem, mora um mundo inteiro de possibilidades. É nesse universo afetivo e sensível que Marta Martins mergulha ao criar o projeto Casa nas Nuvens, seu primeiro ambiente na CASACOR, que ocupa 25 metros quadrados no Parque da Água Branca, em São Paulo, de 27 de maio a 3 de agosto. Idealizado para duas irmãs, o quarto reúne beleza, funcionalidade, emoção e sustentabilidade em uma proposta que convida a reimaginar o modo como habitamos a infância.

O conceito nasce da ideia de que os sonhos mais importantes começam pequenos — no brincar, no descansar, no imaginar. “A infância é o primeiro solo fértil onde os sonhos são plantados. Quis traduzir essa metáfora em um ambiente que acolhe, inspira e permanece na memória afetiva das crianças por toda a vida”, explica a arquiteta.


Inspirado em dois universos opostos e complementares — o céu e a terra —, o projeto busca equilíbrio entre leveza e estabilidade, aconchego e liberdade, respeitando as diferenças de idade entre as irmãs. Cada elemento foi pensado para estimular a criatividade, promover a convivência e acolher o cotidiano com poesia.
O grande destaque do ambiente está no teto: uma constelação de luminárias em forma de nuvem, desenvolvidas em parceria com o Studio Iluminoo, que utiliza papéis especiais na criação de peças únicas. A iluminação cenográfica, suave e onírica, cria uma atmosfera mágica — como se o imaginário infantil flutuasse sobre o ambiente.


As camas, feitas em marcenaria orgânica com curvas suaves, nichos embutidos e texturas naturais, parecem moldadas pelo vento. Já o mezanino, com pufes em forma de flor, tapete redondo e estantes com livros, funciona como um refúgio elevado para momentos de leitura, introspecção e sonhos.
A paleta de cores mistura tons pastel, verdes naturais e terrosos suaves, escolhidos para despertar tranquilidade, bem-estar e imaginação. “O desafio era fugir do óbvio sem perder o encantamento da infância. Buscamos o equilíbrio entre o lúdico e o sofisticado, entre o funcional e o afetivo”, resume Marta.


A curadoria do mobiliário, feita em parceria com a Muskinha — marca especializada em design infantil —, valoriza peças versáteis e atemporais. “O design desse quarto foi pensado para crescer junto com as meninas, combinando elementos como a escrivaninha dois em um, que funciona como espaço de estudo e penteadeira. Também incluímos itens lúdicos, como o tapete arco-íris de algodão e as luminárias em formato de nuvem, criando um ambiente leve, encantador e cheio de personalidade”, conta Amanda Chatah, sócia idealizadora da marca.
Trata-se de um projeto completo, que contempla áreas para dormir, estudar, brincar, relaxar e receber amigos — tudo de forma integrada. A cadeira suspensa trançada convida ao balanço e à contemplação, enquanto o cantinho da leitura, com dossel rosa e almofadas verdes, oferece um abrigo simbólico, onde é possível se desligar do mundo e voltar para dentro.


A sustentabilidade também é um dos pilares do projeto. As cortinas e cabeceiras, fornecidas pela Eco Simple, são feitas com materiais recicláveis; a iluminação é 100% LED de baixo consumo; e a marcenaria utiliza madeiras naturais certificadas. “Quando falamos em semear sonhos, também estamos falando sobre o tipo de mundo que queremos construir. Para mim, não faz sentido pensar no futuro das crianças sem considerar o planeta onde elas vão crescer”, afirma Marta.
“A infância é o momento em que começamos a moldar a forma como enxergamos o mundo. É uma fase de descobertas, mas também de construção de vínculos emocionais com os espaços. Meu desejo com este ambiente foi entregar um lugar onde a criança se sentisse segura para ser ela mesma — e livre para sonhar alto”, conclui.
Casa nas Nuvens é mais do que um quarto infantil. É uma experiência sensorial e emocional, um manifesto sobre o poder da arquitetura de marcar vidas — desde os primeiros anos.
Projeto: Marta Martins
Fotografia: Salvador Cordaro