AMADO HOTEL

Amado Hotel: um tributo sensível à memória e ao tempo

Profissionais: Gabriel Figueiredo e Fabrício Frezza

Localização: Casacor 2025

Na edição de 2025 da CASACOR São Paulo, o arquiteto Gabriel Figueiredo e o designer de interiores Fabricio Frezza fazem sua estreia na mostra com o Amado Hotel, um lobby poético e maximalista que ocupa uma galeria de 50 m² no coração do Parque da Água Branca. Mais do que um projeto de interiores, a proposta é um gesto de afeto — um reencontro com a arquitetura, com a memória e com a própria história do local.

A inspiração nasce das lembranças de infância de Gabriel, que frequentava o parque em exposições agropecuárias ao lado dos pais. Esse vínculo afetivo se traduz em um ambiente que revisita o passado sem nostalgia, mas com profunda reverência. O resultado é um espaço de permanência e contemplação que mistura referências do universo rural à linguagem Art Déco, criando um diálogo direto com o tema da mostra: Semear Sonhos.

Cinco ambientes interligados por arcos — elemento presente na arquitetura original do parque — se sucedem com harmonia. Desde a recepção, marcada por peças de acervo pessoal, como o quadro O Menino Chamado Amado, até o lounge bar, coração do projeto, cada detalhe é pensado como um convite à pausa e à escuta. A curadoria de arte impressiona: são mais de cem obras, entre pinturas, aquarelas e fotografias, costuradas ao mobiliário vintage e aos objetos garimpados com olhar atento.

A cartela de cores em tons de marrom e amarelo queimado remete às fachadas históricas do parque, enquanto os tapetes estampados com grãos de café criam pontes com a região de origem da dupla, Ribeirão Preto. O mobiliário em madeira, os tecidos naturais e os papéis de parede com estética datada reforçam o caráter atemporal e afetivo do ambiente.

A iluminação é suave, indireta, quase cenográfica, desenhada para valorizar texturas, obras e volumes com delicadeza. O sofá de veludo, a cômoda antiga transformada em bar de autosserviço e as cortinas de junco acrescentam camadas de intimidade ao espaço.

Mais do que um lobby de hotel boutique imaginário, o Amado Hotel é uma manifestação crítica e sensível sobre o presente: um chamado à preservação da memória e um manifesto contra o descarte — de materiais, de histórias, de vínculos.

“Queremos que ninguém entre armado em um espaço chamado Amado”, provocam os autores. E, de fato, o que se encontra ali é um convite à escuta: da história, do silêncio, da delicadeza do tempo.

Projeto: Frezza & Figueiredo Arquitetura e Interiores

Fotografia: Carolina Mossin