Ex-BBB Lia Khey vira escultora têxtil e assina cenário do show de Daniela Mercury
Há 14 anos, quando a atriz Lia Khey participou do Big Brother Brasil 10, não imaginava que sairia da telinha da Globo para mais tarde brilhar nos bastidores dos teatros.
Ela também não sabia que, tempos depois, ao começar a fazer os nós da técnica do macramê, desataria os nós que amarravam a sua vida e viraria uma escultora têxtil.
Hoje, suas obras estão nas casas de personalidades como Sheron Menezzes, Preta Gil, Tiago Abravanel e no cenário do show Oxente, que Daniela Mercury apresenta com o filho Gabriel pelo Brasil.
Daniela Mercury e seu filho Gabriel no palco do show Oxente com cenografia de Lia Khey
A virada da ex-BBB aconteceu em 2020, quando caminhava numa praia em São Sebastião (SP) e encontrou um galho. Foi o ponto de partida para Lia colocar para fora tudo o que já sabia e se transformar em escultora têxtil.
“Esse pedaço de madeira esculpido pela natureza foi o suporte para eu dar os primeiros passos rumo à minha arte”, conta Lia. “Comprei dois rolos de barbante e comecei a tecer. Era algo natural pra mim. Intuitivamente, eu já sabia fazer graças à minha mãe que me ensinou artes manuais.”
Ancestralidade
Suas referências ancestrais vieram à tona e passaram a alimentar os trabalhos em forma de portais de macramê e esculturas. Lia começou a compartilhar suas peças nas redes sociais e, pouco a pouco, a arte se tornou sua principal atividade.
“Não temos muito controle em relação ao trabalho de atriz, que está sujeito a muitas variáveis e não apenas ao nosso desempenho”, afirma. “Eu precisava de uma atividade para me manter e que tivesse maior domínio. Consegui isso com a escultura têxtil; agora vivo dela”, comemora Lia, que faz questão de dizer que o trabalho com tramas, linhas e barbantes é uma maneira de honrar sua ancestralidade, sua mãe, dona Terezinha, e todas que vieram antes dela.
Portal: trabalho com tramas, linhas e barbantes para honrar a ancestralidade
Autodidata, Lia aprendeu o macramê, uma técnica de tecer apenas com as mãos, sem máquinas ou ferramentas, testando, errando e acertando. “A arte me salvou do abismo que existia entre mim e o meu eu. Somos levadas a não nos amarmos em essência”, diz.
A escultura têxtil é uma forma de expressão que permite a exploração de texturas, cores e narrativas através de fios, madeiras e outras matérias-primas. O cenário do show de Daniela Mercury é um belo exemplo de como essa técnica é capaz de contar histórias. “A obra Cordão Umbilical foi criada especialmente para o espetáculo”, conta Lia. “A peça representa Daniela e Gabriel conectados no palco pelo elo que se rompeu sem nunca se romper.”
Escultura têxtil: tubos criados com fios e estrutura de ferro no interior para dar forma à obra
Cordão umbilical
Os trabalhos de Lia são feitos basicamente de fios de barbante de algodão e de malha reciclados, demandam muitas horas para serem concluídos e exigem cuidado e precisão. O Cordão Umbilical, por exemplo, pesa cerca de 80 kg e deve ser transportado em malas próprias de instrumentos musicais para manter a sua integridade.
Para dar a forma que deseja aos tubos de fios, a escultora têxtil coloca uma estrutura de ferro no interior. “A cada novo trabalho, me aprimoro, descubro novas maneiras de chegar ao resultado que imaginei”, revela.
Trabalhos com fios de barbante de algodão e de malha reciclados demandam muitas horas para serem concluídos
Na galeria Alma, em São Paulo, estão expostas várias obras de Lia como portais, esculturas e esculturas de corpo, isto é, vestidos de macramê que são verdadeiras obras de arte para homenagear o sagrado feminino. “Também estou desenvolvendo uma linha de acessórios, que vai começar com bolsas”, conta. “Assim, faço o meu trabalho chegar a mais pessoas, pois são peças menores e que exigem menos tempo de execução. E mais: é uma maneira de dar impulso ao meu projeto de inclusão social, o Desata Nós.”
Escultura de corpo: homenagem ao sagrado feminino
Essa iniciativa foca na inclusão de mulheres em situação de vulnerabilidade. “Por meio da arte têxtil, pretendemos promover autonomia e autoestima”, observa a escultora. “Quero que elas façam peças para serem vendidas e conquistar autonomia financeira; por isso, estou me dedicando ao desenvolvimento da coleção de acessórios.”
“O Brasil tá vendo!”, como dizia a própria Lia durante o BBB10, quando cunhou o jargão clássico do reality.