

JARDIM DA ALAMEDA
Entre dois edifícios tombados do Parque da Água Branca, onde o tempo sussurra memórias por entre paredes centenárias, nasce o Jardim da Alameda — uma travessia silenciosa idealizada por Catê Poli e João Jadão para a CASACOR São Paulo 2025.

Mais do que um projeto paisagístico, trata-se de um gesto delicado de escuta e pertencimento. Instalada sobre o piso de pedra já existente, a proposta não toca o espaço: apenas o compreende. Sem obras, sem interferências estruturais, a dupla celebra sua sexta participação na mostra com um jardim que se molda como uma instalação efêmera diante da permanência histórica.


A vegetação exuberante, composta por vasos cerâmicos e floreiras de aço galvanizado recicladas, exalta o verde em suas múltiplas formas e texturas. Não há flores. O protagonismo é do silêncio, do tom sobre tom, da luz filtrada que dança entre as folhas no entardecer.


No centro da composição, quatro exemplares de Cambucá — árvore nativa brasileira — compartilham protagonismo com uma Jabuticaba Sabará e um conjunto de folhagens tropicais volumosas, como Filodendros, Marantas, Ciclantos, Guaimbês e Areca Triandra. O paisagismo respeita as condições de luz, ventilação e a vegetação do entorno, dialogando com as árvores centenárias do parque.


Discreto e profundamente sensorial, o espaço convida ao descanso e à contemplação. Poltronas e chaises da Hio Decor, com formas orgânicas, oferecem conforto para quem deseja apenas parar. Ouvir. Estar.


À noite, a proposta ganha novo ritmo com um projeto luminotécnico assinado por Carlos Fortes, que valoriza texturas e volumes com luz indireta e focal, sem ofuscar a natureza ou o olhar.
Ao abordar o tema da mostra — Semear Sonhos —, Catê e João semeiam, aqui, o sonho da valorização dos espaços públicos e da preservação do patrimônio por meio do paisagismo. Uma alameda que nos conduz ao essencial: a pausa, o verde e o agora.


Fotografia: Renato Navarro