

JARDIM DE INVERNO
Profissional: Fernanda Zulzke
Localização: Casacor 2025
Na CASACOR 2025, Fernanda Zulzke apresenta um espaço que valoriza a memória, o tempo e o trabalho artesanal. Instalado em uma das construções normandas do Parque da Água Branca, o ambiente de 35m² — dividido entre antessala e banheiro — tem inspiração nas casas do interior da França e propõe uma vivência sensível e acolhedora. A atmosfera é bucólica e poética, com grandes janelas em arco, luz natural abundante e elementos que convidam à contemplação.

No jardim de inverno, espécies nativas da Mata Atlântica compõem um paisagismo exuberante e sustentável, assinado pela Reurbe, em diálogo com móveis entalhados em jequitibá, tapeçarias retrô, fibras naturais e uma chinoiserie feita à mão que reveste as paredes como se fizesse parte da história do lugar. Cada detalhe revela pesquisa, afeto e o desejo de provocar uma pausa: entre eles, o “canto da poesia”, onde livros, ramos de eucalipto e uma escrivaninha criam um cenário para o ócio criativo.


A composição visual tem ritmo e textura. A escrivaninha clássica ao lado da cortina longa e dramática contrasta com a leveza das plumas de rabo-de-burro, enquanto vasos de cerâmica marfim e luminárias exclusivas equilibram rusticidade e sofisticação. Os objetos escolhidos não apenas decoram — eles contam histórias, despertam lembranças e ativam emoções. O espaço é ao mesmo tempo real e onírico, como se o tempo tivesse desacelerado ali dentro.


No banheiro, Fernanda opta por restaurar os azulejos originais e preservar a estrutura centenária, revelando uma curadoria delicada de materiais e um olhar respeitoso à história do prédio. As portas em madeira maciça foram recuperadas manualmente, assim como rodapés e batentes moldados com a madeira original. As camadas do tempo são mantidas à vista — não como imperfeições, mas como marcas da autenticidade.


Mais do que um projeto de interiores, o espaço de Fernanda Zulzke é uma ode ao “saber viver”. Em tempos de urgência, tecnologia e produção em massa, ela propõe o retorno ao essencial: a contemplação, o silêncio, a arte, a natureza. Um convite à presença. E, sobretudo, um lembrete de que a beleza mais profunda não está na novidade, mas no que resiste, permanece e floresce com o tempo.






Fotografia: Salvador Cordaro