Arquitetura sustentável: conheça a Vila Olímpica de Paris 2024

A partir de hoje, os olhos do mundo estarão voltados para Paris 2024. Os Jogos Olímpicos começam a produzir imagens que se tornarão inesquecíveis, recordes serão quebrados e a história registrará inúmeros fatos relevantes como, por exemplo, o projeto da Vila Olímpica, considerada um modelo de planejamento urbano sustentável.

Segundo a organização do evento, esta será uma Olimpíada que celebra o esporte mas evidencia, também, a importância da preservação ambiental e a inclusão social. “Diante dos desafios sociais do século 21, Paris 2024 colocou os principais tópicos de legado e sustentabilidade no centro de seu projeto para inspirar novos padrões.” 

A 33ª edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da Era Moderna implementa princípios da economia circular e favorece oportunidades econômicas às comunidades locais, ao mesmo tempo em que busca reduzir pela metade sua pegada de carbono em comparação com os jogos anteriores. 

Tanto para a Vila Olímpica como para os locais onde acontecem as competições o objetivo foi aproveitar ao máximo as infraestruturas já existentes, para minimizar o impacto ambiental e os custos associados à construção de novas instalações.

Prédios com aparência moderna, em linha com o objetivo de proteger e fomentar a biodiversidade.
Prédios com aparência moderna, em linha com o objetivo de proteger e fomentar a biodiversidade. Foto: divulgação

Cidade de 15 minutos

De acordo com uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo, o planejamento urbano sustentável para Paris 2024 colocou em prática o princípio “cidade de 15 minutos”, que a capital francesa defende há anos: o que é necessário e básico (trabalho, moradia, lazer, comércios e serviços) está disponível a um quarto de hora ou menos.

A revista Exame destacou que, entre os principais investimentos, que contou com um orçamento de 7 bilhões de euros (cerca de R$ 39 bilhões), estão a Vila Olímpica e o centro aquático em Seine-Saint-Denis – responsáveis por 80% do orçamento. O Stade de France, principal estádio, sediará as competições de atletismo. Mas cartões postais como a Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes serão cenários de algumas provas, o que reforçará a conexão entre a cidade e o evento.

Uso de madeira e outros materiais de origem orgânica nas construções.
Uso de madeira e outros materiais de origem orgânica nas construções.  Foto: divulgação

Às margens do Sena

A Vila Olímpica e Paralímpica tem 53 hectares e fica às margens do rio Sena, entre os municípios de Saint-Ouen, Saint-Denis e L’Ile-Saint Denis, na parte noroeste da Região Metropolitana de Paris. Segundo a organização, para conceber a construção foram consultados 53 atletas de cinco continentes que compartilharam suas visões sobre a vila ideal, “de atletas, para atletas”.

De olho na biodiversidade: construções têm telhados para abrigar insetos e pássaros.
De olho na biodiversidade: construções têm telhados para abrigar insetos e pássaros.  Foto: divulgação

O resultado desse levantamento, de acordo com a Paris 2024, foi que a vila se tornou um local acolhedor, onde os atletas são recebidos por anfitriões que se preocupam com seu bem-estar. Ao todo, são 82 prédios, com 3 mil apartamentos para acolher 15 mil atletas durante os Jogos. E mais: à beira do rio Sena foi erguida uma área de convivência, com cadeiras, guarda-sóis e um telão, que transmite as competições esportivas. 

Projeto da Vila Olímpica ajuda a adaptar a cidade ao clima em 2050: mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Projeto da Vila Olímpica ajuda a adaptar a cidade ao clima em 2050: mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Foto: divulgação

A estrutura, que começou a ser construída em 2021, foi projetada para  que os participantes dos jogos tenham tudo o que necessitam. Por exemplo: mais de 60 mil refeições serão servidas diariamente, atendendo às várias necessidades dietéticas dos atletas. Além disso, foram projetados 7.200 quartos que, embora não possuam ar condicionado, são de materiais que mantêm o ambiente fresco.

Essa questão, aliás, gerou críticas de algumas delegações. Por sua vez, a organização defendeu que essa escolha contribui para a sustentabilidade do projeto e que os materiais utilizados na construção dos edifícios proporcionam condições climáticas adequadas. Confira mais destaques em relação à sustentabilidade do projeto:

. Uso massivo de materiais de construção naturais;

. Redução de 50% da pegada de carbono ao longo do ciclo de vida dos edifícios (em comparação a construções nos padrões mais comuns do mercado);

. Uso de tecnologia geotérmica e solar para aquecimento e resfriamento;

. Tratamento de águas residuais para reutilização;

. Sensores para monitoramento da qualidade de ar.

Mas a estrutura da Vila Olímpica oferece muito mais aos participantes dos Jogos:

. Family Space, creche com áreas para os atletas passarem um tempo com seus filhos.

. Espaços para treinar basquete, handebol, esgrima, levantamento de peso e luta livre.

. 12 lavanderias, com 600 máquinas de lavar.

. Salão de beleza, administrado pelo cabeleireiro francês Raphaël Perrier, que oferecerá penteados e cortes de cabelo pensados especialmente para os atletas.

. Fitness Centre, com 350 equipamentos esportivos disponíveis 24 horas por dia.

. Policlínica de 3.500 metros quadrados, com farmácia, sala de coleta de sangue, departamento de emergência e atendimento de diversas especialidades.

. Minimercado com 1.500 produtos disponíveis e um restaurante com 3.200 lugares.

Estrutura interna da Vila Olímpica: loja e área de convivência.
Estrutura interna da Vila Olímpica: loja e área de convivência. Fotos: divulgação

Pós-Paris 2024

A sustentabilidade está realmente no centro do projeto da Vila Olímpica. Quando os jogos terminarem, o local será um novo bairro, que incluirá hotéis, moradias, escritórios, lojas e jardins, garantindo que o investimento perdure. 

A organização da Paris 2024 afirma que a Vila Olímpica contemplará 6 mil moradias e 6 mil empregos, dos quais 2,5 mil em escritórios do Ministério do Interior. “Foi concebido para se tornar um bairro urbano autêntico, animado e sustentável, preparado para enfrentar os desafios do século 21, particularmente no que diz respeito ao fornecimento de energia e adaptação às mudanças climáticas”, diz a descrição da organização.