SOPRO

Profissional: Beatriz Quinelato

Localização: Casacor 2025

Na 38ª edição da CASACOR São Paulo, a arquiteta Beatriz Quinelato apresenta o ambiente “Sopro”, uma instalação que transcende a função estética e convida o visitante a vivenciar uma experiência sensorial profundamente conectada ao silêncio, à introspecção e ao equilíbrio interior. Inspirado na fluidez do vento e na leveza da respiração, “Sopro” surge como uma metáfora arquitetônica para o ato de pausar, respirar e reencontrar o ritmo natural da vida em meio ao caos cotidiano das grandes cidades.

Mais do que um ambiente, “Sopro” é concebido como um refúgio contemporâneo, onde o tempo desacelera e o olhar se volta para dentro. Materiais naturais como madeira, pedra e fibras orgânicas são combinados com texturas suaves e superfícies táteis, criando uma atmosfera envolvente e serena. A paleta de cores é pautada por tons neutros e terrosos — beges, brancos e nuances de areia — que evocam calma e estabilidade, enquanto a iluminação difusa, cuidadosamente posicionada, reforça a sensação de acolhimento, como se o espaço sussurrasse ao visitante: “fique, respire, sinta”.

A fluidez é também uma diretriz formal: linhas curvas, móveis de contornos orgânicos e transições sutis entre os ambientes favorecem uma circulação intuitiva, convidando o corpo a se movimentar com leveza. A presença de vegetação natural e de elementos que remetem ao exterior — como brises, vãos e aberturas generosas — desfazem a fronteira entre dentro e fora, promovendo uma conexão simbiótica entre o construído e o natural.

Mais do que estética, o uso de materiais sustentáveis e a valorização da natureza refletem uma postura ética e consciente, que dialoga com o tema da mostra em 2025, “Semear Sonhos”. Nesse contexto, “Sopro” propõe que o sonho de uma cidade mais humana e integrada à natureza começa com pequenos gestos — como respirar fundo, cultivar o silêncio e permitir-se uma pausa.

Instalado no emblemático Parque da Água Branca, em São Paulo, o ambiente se insere em um cenário que já carrega em si a dualidade entre o urbano e o orgânico. Beatriz Quinelato aproveita esse encontro para propor uma nova visão: a de cidades como ecossistemas vivos, onde arquitetura, natureza e ser humano coexistem de forma harmônica e regenerativa.

Com sensibilidade poética e apuro técnico, “Sopro” se estabelece como uma ode ao bem-estar, à contemplação e à reconexão com o essencial. Um convite silencioso para que, mesmo em meio à pressa e ao ruído, possamos encontrar espaço para o respiro — e semear, dentro de nós, o sonho de um futuro mais leve.

Projeto: Beatriz Quinelato

Fotografia: Divulgação